Por Que a Conferência das Nações Unidas Sobre os Oceanos É Importante

O oceano não é apenas uma vasta extensão de água — é a força vital do nosso planeta. Cobrindo mais de 70% da superfície da Terra, ele regula o clima, fornece alimento para bilhões de pessoas e sustenta economias e culturas em todo o mundo. No entanto, nossos oceanos enfrentam uma crise. As mudanças climáticas, a poluição, a sobrepesca e a perda de biodiversidade ameaçam sua própria existência. É por isso que a próxima Conferência das Nações Unidas sobre os Oceanos de 2025, em Nice, França, é tão significativa. Coorganizada pela França e pela Costa Rica, este evento é mais do que um encontro diplomático — é um apelo à ação para todos.

Temas e Objetivos Principais: Das Palavras à Ação

O tema central da conferência deste ano é “Acelerar a ação e mobilizar todos os atores para conservar e utilizar de forma sustentável o oceano”. Isso não é apenas jargão burocrático. A conferência pretende impulsionar medidas urgentes para conservar os recursos marinhos e garantir avanços no Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 14 (ODS 14), que trata da vida abaixo da água.

Um dos principais resultados será a adoção do “Plano de Ação Oceânica de Nice” — uma declaração concisa e voltada para a ação, acordada por todos os países participantes. Espera-se que esse plano vá além das promessas voluntárias, visando compromissos concretos e parcerias capazes de gerar mudanças reais. É encorajador ver que a conferência reunirá não apenas governos, mas também cientistas, empresas, ONGs, Povos Indígenas e comunidades locais, promovendo uma abordagem holística para o cuidado com os oceanos.

Clima, Tratados e Decisões Difíceis

Vários temas urgentes dominarão as discussões. Em primeiro lugar, o papel do oceano no combate às mudanças climáticas está finalmente recebendo a atenção que merece. Soluções baseadas nos oceanos, como energias renováveis offshore e a proteção de ecossistemas de “carbono azul” (como manguezais e pradarias marinhas), podem fornecer até 35% da redução de emissões necessária até 2050 para conter o aquecimento global. No entanto, essas soluções muitas vezes estão ausentes nas estratégias climáticas nacionais. A conferência é uma oportunidade para mudar essa narrativa e incentivar os países a incluírem ações oceânicas em seus compromissos climáticos.

Outro tema crítico é a ratificação do Tratado das Águas Internacionais, adotado em 2023. Este tratado é o primeiro marco jurídico para proteger a biodiversidade em águas internacionais, mas precisa de pelo menos 60 ratificações para entrar em vigor — até agora, menos de 30 países o fizeram. A cúpula em Nice é vista como o último grande esforço para alcançar essa meta, essencial para atingir o objetivo global de proteger 30% do oceano até 2030.

Um Momento de Verdade Para o Nosso Planeta Azul

Como alguém que se importa profundamente com questões locais e globais, acredito que a Conferência das Nações Unidas sobre os Oceanos de 2025 é um verdadeiro momento de verdade. As apostas não poderiam ser mais altas. Precisamos que os líderes passem da retórica aos resultados, das promessas voluntárias aos compromissos exigíveis. O Plano de Ação Oceânica de Nice deve ser mais do que um gesto simbólico — deve estimular investimentos reais na conservação marinha, na adaptação climática e em economias sustentáveis.

Também é fundamental que as vozes dos Povos Indígenas, dos cientistas e das comunidades locais não sejam apenas ouvidas, mas efetivamente consideradas. Seus conhecimentos e experiências são cruciais para criar soluções que funcionem na prática, tanto em terra quanto no mar.

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